segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

linfomas e leucemias, avanços em 2012

Início de 2 013 e é hora de olharmos pelo retrovisor e escolhermos as boas novidades que aconteceram no ano passado. Seria muita pretensão da minha parte fazer esta escolha e assim reproduzirei aqui as escolhas das minhas melhores fontes de informação. Nesta mensagem, vem a escolha da Sociedade Americana de Oncologia, que foi publicada na edição de 1 de janeiro de 2013 do periódico "Journal of Clinical Oncology". Cabe ressaltar que escreverei sobre medicações que ainda não estão disponíveis em nosso meio, infelizmente. Maior avanço: Tratamento com lenalidomida retarda a recaida de pacientes com mieloma quando aplicada após o transplante autólogo decélulas-tronco hematopoéticas. Comentário, A maioria dos pacientes com mieloma múltiplo se beneficiam do tratamento com transplante autólogo. Entretanto, a maioria deles apresenta recaída da doença em um tempo variável. Várias tentativas de se melhorar o resultado foram feitas e a mais bem sucedida parece ser mais alguns ciclos de quimioterapia. Obviamente, trata-se de um tratamento bem tóxico. Ano passado, foi reportado por dois estudos um prolongamento importante da resposta ao tratamento em pacientes que receberam a lenalidomida após o transplante. A recaída foi, em média, de 23 meses no grupo que não utilizou a droga e de 41 meses nos que a utilizaram. Infelizmente, mais uma vez foi demonstrado um aumento pequeno mas significativo no percentual de aparecimento de outros cânceres nos pacientes que utilizaram lenalidomida (8% × 4%). Acredito que é este achado, bem como o parentesco com a talidomida e seus conhecidos e desastrosos efeitos em pacientes grávidas que levaram a ANVISA a negar por duas vezes autorização para o uso da lenalidomida em nosso meio. Avanços relevantes, Gentuzumab ozogomicina, um anticorpo utilizado no tratamento da leucemia mieloide aguda que, até onde eu sei, não está aprovado para uso no Brasil, foi a primeira droga em muitas décadas a causar um ganho na taxa de cura desta terrível doença. Em um dos estudos, o uso deste anticorpo resultou em uma melhora do resultado de 17% para 41%. Mais importante, estes resultados foram confirmados por 3 outros estudos. Em linfoma do manto e linfomas indolentes, a combinação de uma nova medicação, a bendamustina, com o mabthera, aumentou o tempo para progressão do linfoma em quase 3 anos quando comparado a um forte tratamento, o RCHOP. O laboratório Jansen tem esperança de que esta medicação seja aprovado para uso no Brasil no próximo ano. Novos medicamentos muito promissores: Ponatinibe muito ativo em um tipo muito grave de leucemia que é a leucemia mielóide crônica com resistência aos tratamentos atuais. Ibrutinibe é um novo medicamento com atividade muito boa em todos os tipos de leucemia linfocitica crônica. É uma medicação que deve ser aprovada para uso nos EUA ainda neste ano. Blinatumomabe é um anticorpo que se mostrou bastante ativo em subtipos graves de leucemia linfoide aguda. Carfilzomibe é um parente do bortezomibe com muito mais potência. Ele foi aprovado nos EUA para uso em mieloma múltiplo resistente a pelo menos duas linhas de tratamento. Sem previsão para o Brasil. Vincristina na apresentação lipossomal se mostrou útil no tratamento de pacientes com leucemia linfoide aguda em recaída. Aprovada para uso nos EUA. O fosso de medicações continua a aumentar.... Um abraço a todos, Rony

6 comentários:

Carlos Silva disse...

Tive grande sorte de participar de um estudo do laboratório que produz a bendamustina. Estou fazendo uma manutenção de dois anos com Rituximabe, que acaba ao final de 2013. Recentemente, fiz uma PET-CT, que não mostrou nenhuma atividade, embora não seja um exame conclusivo. Os demais exames estão na média, sem alterações e as plaquetas estabilizaram em torno de 150.000.
Na busca de informações sobre a doença, conheci este blog e tenho me mantido atualizado por aqui.
Obrigado!

Rony Schaffel disse...

É isto aí meu caro. Temos que fazer campanhas para a população se increver mais em estudos. Ainda existe muito a idéia de que quando se entra em um estudo, a pessoa vira "cobaia".
Um abraço.

Unknown disse...

Boa noite,vc sabe se tem alguma previsão para o medicamento ponatinibe ser aprovado pela anvisa. abraços

Rony Schaffel disse...

Prezada Cíntia, desconheço previsão de aprovação. Nos Estados Unidos, o seu uso tem grande restrição, basicamente para pacientes com mutação T315I. É este o caso?

George disse...

Prezado Rony,
Você teria mais alguma informação sobre o processo de aprovação da bendamustina pela Anvisa? Será que está próximo do fim?
Obrigado!

Rony Schaffel disse...

Prezado George,
entender os caminhos da ANVISA é tarefa impossível. Este ano, ela já negou a aprovação de dois medicamentos importantes na minha área. Em relação a bendamustina, medicação desenvolvida na Alemanha Oriental na década de 60 e disponível nos EUA desde 2007 mais ou menos, não tenho idéia. Talvez para o próximo ano ela seja aprovada. Um abraço.