quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Linfoma de zona cinzenta - Atenção para o diagnóstico

Recebi um paciente para segunda opinião.

Tratava-se de um adulto na faixa dos 30 anos, homem, cuja doença apareceu como febre.

Foi feito um raio X de tórax e lá estava uma tremenda massa no mediastino (área acima do coração).

Foi feito uma punção por agulha cujo laudo foi um tipo comum de linfoma, conhecido como linfoma difuso de grandes células B (linfoma que acometeu a presidenta). Neste caso, pensaríamos em um subtipo incomum deste linfoma que é o "primário de mediastino".

O caso ficou realmente estranho quando eu vi o resultado da imunoistoquímica, que é uma técnica utilizada para confirmar o diagnóstico do patologista.

O resultado típico de um linfoma difuso de grandes células é: CD20++ , Oct-2 Neg , CD30 variável.

Qual não foi a minha surpresa quando o resultado foi: CD20 neg, Oct-2 positivo forte, CD30 positivo forte.

Esta marcação é compatível com outro tipo de linfoma, o linfoma de Hodgkin.

Resumindo, estava diante de um linfoma com "cara" de linfoma difuso de grandes células mas "focinho" de linfoma de Hodgkin.

Mandei na lata: Será que não é um linfoma de zona cinzenta?

O acompanhante ficou pasmo e disse que este foi o resultado da segunda biópsia, feita após o paciente ter falhado a 2 esquemas de tratamento.

Esta é a história do linfoma de zona cinzenta. Muito resistente à quimioterapia. O único tratamento que parece funcionar deve incluir radioterapia.

Moral da história:  linfoma é doença para quem está atualizado. Temos que analisar todos os exames a luz da nossa experiência. Não fui nenhum gênio de desconfiar do diagnóstico. Tinha lido uma penca de artigos na metade do ano (inclusive fiz um post para este blog).

Cada vez mais, o oncologista geral terá dificuldade. Isto é natural. Nos Estados Unidos, a maioria dos grandes hospitais têm serviços especializados em linfomas.

 Um abraço.