quarta-feira, 10 de março de 2010

Linfoma de Hodgkin de bom prognóstico

Hoje, vi uma moça de cerca de 20 anos. Um dia, ela sentiu um "caroço" na base do pescoço, do lado esquerdo.

Não apresenta mais nenhum sintoma.

Nada mais de anormal no exame físico.

Foi feita a biópsia do gânglio e o resultado foi Linfoma de Hodgkin subtipo esclerose nodular. Surpresa?

Não. Este subtipo do linfoma tem o seu pico de incidência nas mulheres jovens. Frequentemente ele aparece no pescoço e/ou na parte interna do tórax.

Algumas vezes, quando ele está escondido lá dentro do peito, os sintomas associados com ele vão predominar: febre, sudorese noturna, emagrecimento e, principalmente, coceira intensa no corpo.

No caso da jovem que vi hoje, o linfoma está classificado como bom prognóstico:

Não tem doença na barriga ou pelve.

Não tem doença em outro órgão.

Não tem os sintomas descritos acima.

Tem menos de 4 cadeias de gãnglios acomentidas.

Tem menos de 50 anos.

O Gãnglio no pescoço tinha menos de 10 cm de diâmetro.

Ótima chance de cura, ao redor de 95%.

Poderíamos optar por dois tipos de tratamento:
-2 ciclos de quimioterapia (esquema ABVD) com radioterapia
-4 ciclos de quimoiterapia sem radioterapia.

Optamos por avaliar a tolerância da paciente à quimioterapia. Se após 2 ciclos não houver mais nenhuma doença e a tolerância for boa, optaremos por seguir sem radioterapia. A radioterapia da base do pescoço está associada com perda da função da tireóide.

Se ela não tolerar muito bem a quimioterapia, completaremos com radioterapia.

Tratar um linfoma é tratar um paciente e não uma doença. O tratamento que prescrevemos para um pode não ser o ideal para outro. Por isto, acho que é uma mescla entre ciência e arte.

Mas isto é outra história.

Um abraço!

3 comentários:

Anônimo disse...

Rony, vc usaria PET-TC para tomar alguma decisão quanto ao tratamento desta paciente, não só na tolerância da mesma? Abrs Léo

Rony Schaffel disse...

Oi Léo. Acho o PET um exame essencial para o caso de lesão residual na Tomografia, ao final do seu tratamento proposto (de preferência, mais de 30 dias do término do mesmo). Se, nesta situação, o PET é negativo, você deve apenas seguir o paciente. Agora, se o PET for positivo, ou você trata como refratário ou você parte para a biópsia, dependendo do local da lesão. Eu acho o PET no meio do tratamento um exame complicado, porque ele é frequentemente falso positivo (G-CSF por exemplo) e se for negativo não muda muito o seu tratamento. Feliz com a resposta? Um abraço.

Anônimo disse...

Rony, estou satisfeito com certeza. Estamos seguindo essas orientaçoes com linfomas no HCE, sendo que o PET ao final do tratamento fazemos entre 45 e 60 dias. abrs Léo