domingo, 16 de outubro de 2011
Linfomas Raros (2): Linfoma/Leucemia de células T do Adulto (ATL) causado pelo HTLV-1
Prezados,
Fiz uma revisão recente sobre tratamento do Linfoma / Leucemia de Células T do Adulto (LLTA) para um paciente recém-encaminhado para tratamento.
Trata-se de um linfoma bastante raro em todo o mundo, porém mais comum nos países asiáticos e caribenhos. Por extensão, nós também temos um maior número de casos do que a média mundial.
O LLTA só ocorre me pacientes que foram contaminados pelo vírus HTLV-1.
Este vírus é um primo menos famoso do vírus da SIDA (o HIV ou HTLV-3).
Felizmente, a grande maioria das pessoas contaminadas pelo HTLV-1 não adquirem doenças. A transmissão parece obedecer às mesmas características do HIV, ou seja, por via anal ou vaginal ou por transfusão de sangue.
Já há bastante tempo todo o nosso sangue é testado para o HTLV-1.
O LLTA ocorre raramente nos pacientes contaminados pelo HTLV-1. Ele faz parte do grupo dos linfomas T, que representam 20% do total dos linfomas. Mais especificamente, é um linfoma das células T-helper (CD4+)
De uma maneira geral, pacientes que apresentem um linfoma T e também tenham a infecção pelo HTLV-1, têm LLTA até provas contrárias. E, devo dizer, estas provas deverão ser muito convincentes pois para o médico patologista, o aspecto dos linfomas T em geral são muito sememlhantes (por exemplo, as células não serem CD4 positivas).
Os pacientes podem ter a forma leucêmica quando há mais de 5% dos linfócitos da circulação sanguínea oriundos do LLTA.
Podem ainda apresentar a forma linfomatosa quando não há linfócitos circulantes, mas apenas gânglios aumentados.
Pode ter a forma aguda, quando há acometimento de pele, ossos, cálcio alto e alta propensão a infecções.
Ou pode ter a forma crônica onde o paciente pode ter pouquíssimos ou nenhum sintoma.
Achou confuso?
Eu também.....
Na prática, o importante é diferenciar-se a forma linfomatosa das demais porque o tratamento é diferente.
Preconiza-se o uso de uma combinação de zidovudina com interferon para todas as formas exceto a linfomatosa. Na linfomatosa, o ideal é quimioterapia.
Infelizemente, o prognóstico não costuma ser bom.
O transplante de medula pode ser uma opção nos pacientes com doadores. Isto deve ser avaliado caso a caso.
Um abraço,
Rony
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